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Barulho Infernal - A História Definitiva do Heavy Metal

Por: Paulo Sérgio de Oliveira Borges
Contato: paulo.o.borges@icloud.com

Com aproximadamente 700 páginas, esse livro reúne centenas de entrevistas com membros de bandas e demais pessoas ligadas à cena metaleira, para traçar uma espécie de arvore genealógica do Heavy Metal, enquanto subgênero musical do Rock.

 

A forma em que as ideias foram organizadas, através de colagens de textos de entrevistas, sem paráfrases, com intervenção dos Autores apenas para estabelecer conexão entre os assuntos, dão a impressão de que a história é narrada pelos próprios músicos, o que é interessante e aproxima o leitor das bandas.

 

Quem já leu biografias como a do Metallica, Black Sabbath e Slayer (que são excelentes), perceberá que este livro não tem o objetivo de aprofundar-se na história de determinada Banda, mas sim, organizar os fatos mais relevantes das que foram pioneiras em cada gênero, de modo a demonstrar o efeito dominó que isso causa no cenário musical como um todo.

 

O livro inicia sua investigação na década de 60, época em que os Kinks modificavam sua aparelhagem buscando uma sonoridade mais agressiva e que permitisse expressar suas emoções com mais afinco, o que me foi bastante esclarecedor, considerando que as canções "You really got me" e "I Need you", apesar das letras aparentemente inocentes, tem riffs pesados e provocantes. O guitarrista chegava a cortar o cone dos alto falantes do amplificador com uma navalha, para atingir o nível de distorção desejada, o que é insano, em se tratando dos anos 60.

Passando pelos anos 70, com razão o livro enfatiza o Black Sabbath, Judas Priest e AC/DC. O Led Zeppelin não é apontado como um idealizador do heavy metal, porque de fato essa não era a praia deles, que sempre puxaram pro rock/blues.

 

Uma das presenças mais marcantes nessa arvore genealógica, novamente com acerto, é o NWOBHM - new wave of britsh heavy metal – do final da década de 70 e início dos anos 80, cujas grandes estrelas são, sem dúvida, o Iron Maiden, a nova banda de Ozzy Osbourne (com Rhandy Roads), e o Motorhead.

 

Adiante, a popularização do Metal é atribuída ao Hair Metal, obviamente representado por Mötley Crue, Skid Row, Poison e Guns N' Roses e os lugares onde todas essas bandas frequentavam.

 

O Trash Metal foi muito bem abordado, trazendo à tona a história do Metallica (inclusive a treta do Dave Mustaine) Megadeth, Slayer, Exodus, Anthrax e Testament, e mais além, do Pantera (como uma releitura do trash). Essas bandas fizeram parte da minha adolescência, logo, foi uma das partes do livro que mais me agradou a leitura.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com relação ao Death Metal, claro que há o reconhecimento do Cannibal Corpse como a maior banda do gênero, o que não comporta discussão, além das menções honrosas ao Venom, Six Feet Under, Death e Morbid Angel, entre outras. Já no Black Metal, o destaque é a história do Burzum e o "embaixador" desse gênero, Euronymous.

 

Uma grata surpresa é a honrosa menção que o livro faz aos brasileiros do SEPULTURA, enquanto banda pioneira do Death/Trash Metal (sim, seus primeiros discos, Bestial Devastation e Morbid Visions eram bem mais Death que qualquer outra coisa). Pena que poucos parágrafos foram destinados aos guerreiros brasileiros.

O livro também fala sobre Crossover/Hardcore, Metal Industrial, Nu Metal, Metalcore e Metal Alternativo, mas deixarei as conclusões sobre a importância desse género aos respectivos apreciadores.

É muito provável que o leitor não se identifique com todos os estilos. Pessoalmente, tenho mais intimidade com as bandas dos anos 70, NWOBHM, Trash e Death Metal, mas de forma geral, não há como discordar dos Autores em relação à cronologia e a importância de todas as bandas e estilos retratados, para o Heavy Metal como um todo.

 

Os óbitos também foram muito bem abordados pelo livro, a exemplo de Cliff Burton (foto), Rhandy Roads, Peter Steele e Euronimus.

 

Caso você esteja se perguntando, SIM o Black Sabbath é citado como o pai do Heavy Metal, SIM o Master of Puppets é retratado como o melhor álbum de Trash de todos os tempos, e SIM o Reign in Blood (foto) é abordado como o álbum mais pesado de sempre. Quem concorda com essas afirmações pode ficar tranquilo que o livro não quer convencer ninguém do contrário.

 

Algo que me agradou muito, foi o fato de ser apresentado a várias bandas que não conhecia, ou simplesmente ignorava até ter noção da importância delas para o Heavy Metal.

De autoria de Jon Wiederhorn e Katherine Turman, o BARULHO INFERNAL é publicado no Brasil pela CONRAD EDITORA, encadernado em capa dura, e custa entre R$ 80,00 e R$ 90,00 pela internet.

 

 

 

Esse artigo foi escrito ouvindo o álbum Repentless, do Slayer. \m/

 

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