Como viver bem quando o mundo quer que você carregue o peso de viver leve?
Gilles Lipovetsky é um filósofo e sociólogo francês, nascido em 1944 e autor de vários best-sellers, como “O Império do efêmero”, “A era do vazio” e “Da leveza — rumo a uma civilização sem peso”. Este último, lançado ainda em 2015 no idioma do autor, chegou ao Brasil no ano seguinte. Na França, a obra recebeu o Prêmio Montyon, entregue pela Académie Française e pela Académie des Sciences.
É no contexto de um mundo cada vez mais cheio de dispositivos conectados, de aparelhos cada vez menores e mais tecnológicos, obcecado pela magreza e pelo detox do corpo e da mente que Lipovetsky escreve Da Leveza. O autor apresenta, na forma de breves tópicos, as transformações que o mundo vem passando, sob diversos aspectos, em busca daquilo que ele chama de civilização da leveza. Segundo ele, o leve invadiu o dia a dia das pessoas e tornou-se um ideal a ser alcançado que vem transformando nosso imaginário.
Isso tudo porque vivemos em uma sociedade hipermoderna na qual a ordem é conectar, miniaturizar e desmaterializar tudo em nosso cotidiano.
Mas, Lipovetsky vai na contramão disso tudo e defende que a vida parece cada vez mais pesada e difícil de suportar, já que a exigência pela leveza alimenta a sensação constante de peso por cumprir o esperado.
A demanda por uma vida leve — resultado de dietas, desintoxicações, desacelerações, alívio do estresse, meditação e outras práticas — exige tanto do indivíduo que deixa de ser algo leve e passa a ser um fardo (pesado) a carregar.
A realidade por vezes se confunde com superficialidade, seja em função de um reality show que assistimos ou pelos pseudo-realityes de nossos conhecidos que acompanhamos nas mídias sociais.
Sabemos pouca coisa sobre tudo e todos, mas não nos dedicamos a saber em profundidade algum assunto específico — pois isso seria pesado e trabalhoso, enquanto ficar somente na superfície é fácil e leve. É nessa direção que seguem os pensamentos de Lipovetsky, abordando desde moda e dietas até tecnologia e lazer, sensibilizando nossos mais profundos medos e anseios, sem fazer auto-ajuda, mas nos chamando a seguir com ele a reflexão sobre o quanto leve realmente é nossa vida.