Neste mês de setembro, o mundo das artes celebra os 146 anos do nascimento de João Turin (1878-1949), um dos maiores nomes da arte do Sul do Brasil.
Neste mês de setembro, o mundo das artes celebra os 146 anos do nascimento de João Turin (1878-1949), um dos maiores nomes da arte do Sul do Brasil. Reconhecido principalmente por sua obra escultórica, Turin deixou um legado que abrange também pinturas, desenhos e projetos de design, englobando áreas tão diversas quanto arquitetura e moda.
Em seu legado, o artista reúne uma série de características marcantes e notáveis: maior escultor animalista do Brasil, precursor do movimento Paranismo, versátil em temas e em técnicas, premiado no Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, possui obras em espaços públicos e acervos de museus e instituições, expôs obras em Paris, entre tantos outros feitos que elevaram seu nome e o tornam cada vez mais influente.
João Turin é considerado o maior escultor animalista do Brasil e um dos precursores da arte escultórica no Paraná, onde nasceu. Com mais de 400 obras em variadas temáticas e técnicas, destaca-se pela representação de animais selvagens com impressionante realismo, especialmente onças, cujas esculturas foram agraciadas com prêmios no Salão Nacional de Belas Artes em 1944 e 1947, no Rio de Janeiro.
Além disso, Turin foi um dos fundadores do Paranismo, movimento artístico e cultural de 1923 que impactou várias áreas, incluindo arquitetura, escultura, pintura, móveis e moda, por meio de símbolos e temas paranaenses, como o pinhão e a erva-mate.
Início da carreira na Bélgica e na França
Seu interesse pela escultura e o mundo das artes teve início já na infância. Sua carreira artística passou a tomar maiores proporções durante sua moradia de 15 anos na Europa, de 1906 a 1922. Turin estudou na Real Academia de Belas Artes de Bruxelas e, posteriormente, estabeleceu-se na França. Em Paris, montou um atelier em Montparnasse, badalado bairro frequentado por artistas na capital francesa.
Na época, a cidade era frequentada por nomes internacionais das artes que se tornariam famosos como Picasso, Soutine, Modigliani, Gris, Brâncusi, entre outros. Naquele período, também passaram por Paris artistas do Brasil como Tarsila do Amaral, Victor Brecheret e Anita Malfatti, entre outros.
Quando morou na França, realizou a escultura de uma “Pietá” em uma igreja de uma cidade da Baixa Normandia que há 80 anos foi bombardeada durante a segunda guerra mundial (mas a escultura permaneceu intacta). Foi dada como perdida por décadas. Há 10 anos, uma equipe foi ao local para fazer um molde, que permitiu fundir a obra em bronze no Brasil (a expedição até rendeu o documentário “A Pietá de João Turin”).
Retornou ao Brasil com comentários elogiosos da imprensa da Europa, onde criou e expôs no Salão dos Artistas Franceses alguns de seus primeiros grandes trabalhos (como “No Exílio” e “Tiradentes”) e deu início ao período mais prolífico de sua trajetória, até falecer em 1949.
O resgate de um precioso legado
Desde 2011, a família Ferrari Lago assumiu a responsabilidade pelos direitos patrimoniais de suas obras, promovendo um resgate completo e inédito do legado artístico de Turin no Brasil. A biografia de João Turin, escrita pelo renomado crítico de arte José Roberto Teixeira Leite, e a exposição “João Turin – Vida, Obra, Arte”, que atraiu 266 mil visitantes ao Museu Oscar Niemeyer em 2014, foram marcos importantes na valorização de sua trajetória. A exposição, que também foi exibida em versões condensadas no Museu Nacional de Belas Artes (RJ, 2015) e na Pinacoteca de São Paulo (SP, 2016), foi citada em um ranking da revista britânica The Art Newspaper e recebeu o Prêmio Paulo Mendes de Almeida, da ABCA.
Os trabalhos de João Turin estão presentes em 15 museus e instituições no Brasil, além de espaços públicos no Paraná, Rio de Janeiro e França. O Memorial Paranista em Curitiba, com uma coleção permanente de cerca de 100 obras, é o principal local dedicado à preservação e apreciação de sua arte. Recentemente, um baixo-relevo do artista retratando o físico brasileiro César Lattes foi fundido em bronze para marcar o centenário do cientista, que contribuiu com uma pesquisa ganhadora do Prêmio Nobel de Física.
O legado de João Turin continua a ser uma fonte de inspiração e um testemunho da riqueza e profundidade da arte brasileira, reafirmando sua importância e influência no cenário artístico nacional.
Informações: Rodrigo Duarte
Comments