Danças em eventos culturais celebram a alegria do povo italiano, na região metropolitana de Curitiba.|
Fundado em 1991 em Campo Largo, no bairro de Rondinha, o Grupo Folclórico Piccola Itália reúne descendentes e filhos dos filhos dos primeiros imigrantes italianos que colonizaram a cidade há mais de um século. Com o objetivo de preservar a história de seus antepassados, os integrantes dedicam suas atividades para o resgate das tradicionais danças que foram passando de geração em geração.
Atualmente com 80 componentes, o Piccola Itália contempla as categorias Bambini, Infantil, Juvenil, Adulto e Master. E neste período de isolamento social, o grupo também precisou se reinventar para manter vivas as tradições e atividades culturais. Mas mesmo com as novas tecnologias, nem tudo pode ser realizado como antes.
Quem conta essa história para a Toca Cultural é a Talita Cequinel Serenato, coordenadora do Grupo, coreógrafa e ensaiadora da categoria Adulto.
”Nossas danças são quase todas em pares ou rodas, então é difícil fazer algo à distância. Mas muitos componentes não têm acesso à internet, o que nos impossibilitou de fazer algumas atividades virtuais. Temos tentado manter o grupo ativo e em contato, com conversas, bate papos online, mensagens e lembranças. E uma coisa é certa, todos estão com muitas saudades de estar juntos”, revela.
O Piccola Itália também é um dos grupos associados à Aintepar, que realiza todos os anos o Festival Folclórico de Etnias do Paraná. E neste ano, em sua versão virtual, vai apresentar um compilado de danças do grupo, na noite de 17 de agosto, às 20h, nos canais oficiais do evento.
Além disso, comentários ao vivo dos coordenadores do Piccola farão parte do roteiro desta noite de apresentações.
“Estamos muito ansiosos, pois o Festival é sempre um dos grandes eventos que participamos todos os anos. Mesmo em sua versão virtual, terá um grande ponto positivo que será a de levar nossa mensagem de otimismo para o mundo todo”.
Realmente, será um Festival que vai levar o Piccola para além das fronteiras do Centro Cultural Italiano de Rondinha, local que se tornou um reduto das grandes festas italianas, da polenta e do vinho, da região metropolitana de Curitiba.
“É algo totalmente novo, mas um orgulho para nós. Participei do grupo desde sua fundação, em 1991, durante treze anos. Precisei parar por causa da faculdade, do trabalho, mas já estou de volta há sete anos porque isso faz parte da minha história. A gente não vê a hora de retomar as atividades presenciais para confraternizar novamente, com uma grande festa típica, do jeitinho que a gente gosta”.
Nesse período de pandemia, alguns eventos precisaram ser cancelados e muitas coisas mudaram. Entretanto os desafios foram igualmente difíceis para todos os grupos.
“Tivemos um componente e seus pais que passaram pelo coronavírus, mas já estão recuperados. Nosso último ensaio aconteceu no dia 15 de março. Desde então, não tivemos mais nenhuma atividade presencial com o grupo. Tivemos que adiar um evento interno que estava previsto para maio, além dos dois grandes eventos que temos no mês de julho: o Festival Folclórico e a Semana Italiana de Rondinha, que são para os quais mais nos preparamos no primeiro semestre”.
Dançar de máscaras, para evitar o contágio do coronavírus, parece difícil. Mas segundo Talita, esta tende a ser uma solução previsível, ao menos, para os primeiros encontros após a pandemia.
“É difícil pensar em algo concreto para esse "novo normal", principalmente porque, como comentei antes, nossas danças são em sua maioria em pares ou roda, então o distanciamento é bem complicado. Além disso, temos muitas crianças e idosos no grupo, e não sabemos o quanto poderemos retomar os ensaios e apresentações com eles até que tenhamos uma vacina ou um tratamento eficaz para o COVID. Talvez tenhamos que rever algumas danças, pensar em algo totalmente novo, num novo jeito de fazer nosso folclore nesse recomeço. Mas ainda assim, sempre levando alegria e principalmente, nesse momento, esperança a todos”.
Talita lembra também que quem não conhece sua história, não sabe para onde vai. E o maior exemplo vem justamente dos antepassados. Os imigrantes trouxeram com eles a força para superar momentos difíceis de sofrimento. Mas com fé e esperança nunca desistiram.
“Sabemos que em vários países e regiões, a cultura ajudou muito as pessoas a passarem por esse momento de pandemia. É muito difícil nos sentirmos impossibilitados de levar a alegria que sempre procuramos transmitir em nossas danças. Mas o maior exemplo de esperança por dias melhores vem da nossa própria história: nossos antepassados vieram para o Brasil porque estavam sofrendo, vivendo momentos muito difíceis, mas nunca desistiram, e a sua fé e esperança fizeram com que hoje nós estivéssemos aqui. Agora é nossa vez de ter muito viva essa fé e essa esperança, de estar juntos, mesmo que distantes fisicamente, e fazer a nossa parte para que logo tudo possa voltar ao normal e nós possamos levar, com ainda mais alegria, nossa cultura a todos”, ensina.
Galeria de algumas imagens do Piccola em festivais anteriores.
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