"Canto Forte" traz 12 composições que lembram consagradas gravações de sambas de sucesso no Brasil.|
Com letras que traduzem o cotidiano vivenciado e observado por seus autores, e a exemplo dos antigos compositores, o jovem sambista junta a força das palavras com a graça das melodias, em uma configuração moderna. Foram 3 anos para concluir o disco.
“Eu queria uma forma de expressão específica para as músicas e saí em busca dede arranjadores que entendessem a sonoridade presente nas minhas ideias. Foi quando conheci o Lucas Porto (violonista, arranjador e produtor musical carioca), de quem acabei ficando amigo”, conta.
Lucas, que produziu o disco, foi também o elo entre Bruno Cupertino, os músicos que participaram das gravações e João Ferraz, técnico de gravação e dono do estúdio onde tudo foi feito.
“Foi um processo longo, mas valeu pelo resultado”, comemora Cupertino, que teve atuação constante em todas as etapas de gravação. “Todos eles trabalharam com total disposição e um carinho muito grande”, elogia. “Tenho hoje boa relação com todos”, completa. A propósito, “Canto Forte” contou com a participação de nomes de prestígio na cena carioca, entre eles, o baixista Pedro Aune, o flautista e saxofonista Eduardo Neves, a cantora Nina Wirth e o pianista Fernando Leitzke.
Compositor dedicado e exigente
Estudioso das manifestações artíticas de origem afriicana e atento observador do cotidiano, Bruno Cupertino se distinge por uma escrita pessoal, forjada em rimas afiadas, melodias fluentes e um forte elo com a cultura afrobrasileira (plenamente expressada em “Samba do Libertador”, “Pra Oxum Bailar” e na própria “Canto Forte”).
Há que se destacar também que seu trabalho como compositor não se limita à criação de letra e melodia. Como ele mesmo justificou em sua busca por arranjadores e músicos, a escrita de Bruno envolve também os arranjos, as combinações instrumentais, a relevância e atuação de cada instrumento.
Essa preocupação com os arranjos e a sonoridade de cada canção estão sutilmente colocadas ao longo das faixas, além, claro da forte base do samba. Entre outros momentos, podemos citar as cordas e o coro em “Prazer Insano”, a levada leve e fluente de “Pra Oxum Bailar”, piano e sopros elegantes em “Jogo Sujo” e a energia contagiante de “Sambê”.
Além do samba, sua área primeira de atuação, o compositor desenvolve relação e parcerias com outros estilos, como o choro (que pode ser também percebido em várias passagens do disco), música instrumental, bossa nova, rap, forró e o jongo. Versatilidade que possibilitou ao compositor dividir palco com diversos artistas de Minas e de outros estados.
“A música mineira está muito bem representada, seja samba ou MPB. mesmo que alguns estilos não dialoguem entre si, o intuito é o mesmo. Temos figuras talentosas como Sérgio Pererê, Rafael Soares, Arthur Pádua, Rodrigo Brasileiro (que tem uma parceria com Warley Henrique). O que falta é sermos conhecidos fora daqui. Já estamos prontos”, assegura.
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