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Toca Cultural

Museu Oscar Niemeyer leva arte para a área externa, no jardim do Parcão

“MON sem Paredes " integra as comemorações de 20 anos da instituição.

Obras dos artistas Gustavo Utrabo e Mariana Palma ocupam pela primeira vez o icônico espaço de área verde ao lado do MON, chamado de Parcão. A proposta e a curadoria do projeto são de Marc Pottier e estarão disponíveis para visitação a partir de 8 de fevereiro.


Na área interna do Museu, no hall do Pátio das Esculturas, o público pode conferir, simultaneamente, maquetes e desenhos feitos pelo paranaense Gustavo Utrabo durante o processo de concepção de suas obras que estão do lado de fora.


“Cada vez mais democrático e inclusivo, com esta iniciativa, o Museu Oscar Niemeyer rompe definitivamente o limite físico de suas paredes e abraça a população, chegando ao espaço externo da instituição e tornando-se acessível a todos”, explica a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika.

“MON sem Paredes” também é um convite para que o público externo e que, eventualmente, não tenha o hábito de frequentar o Museu perceba e se inspire com a arte e sinta-se instigado a visitar as outras exposições. Segundo Juliana, o projeto deverá ser de longa duração, com novas versões previstas.


"A arte no espaço público também permite uma variedade de atividades interativas que nem sempre uma exposição museológica permite”, diz o curador Marc Pottier. Segundo ele, ao criar ligações entre os exteriores e as salas expositivas do Museu, este novo projeto permite mostrar muitas outras formas de expressão da criatividade artística.

“Semeador” e “Ao Redor de uma Árvore”, do artista-arquiteto paranaense Gustavo Utrabo


Com este trabalho, o artista cria paredes virtuais para este novo projeto do MON, uma nova sala sem paredes onde muitos outros artistas serão convidados no futuro.


O “Semeador” passa por uma declaração sobre a vida a partir da passagem do tempo e surge de um percurso elevado do solo que conecta o Museu ao jardim adjacente a ele. Esse trajeto é construído pela repetição de uma modulação de piso projetada por Niemeyer para o MON. Porém, em vez de uma simples repetição do existente, a proposta se põe a borrar os limites entre o construído e o natural, produzindo o piso a partir de uma mistura de sementes típicas da flora paranaense ao convencional cimento, areia, brita e água. Partindo-se do entendimento de que nascemos por onde caminhamos, é olhando para o chão que aprendemos a caminhar.


O caminho leva o visitante à obra “Ao Redor de uma Árvore”, uma criação de tamanho excepcional e que poderia ser considerada uma nova sala – sem paredes – do MON. É a partir de uma árvore que cresce levemente inclinada, buscando a luz do sol, que a instalação se encontra. Materializa-se como um gesto de cuidado, no qual uma amarração de peças metálicas, que sustentam a obra, envolve o caule e nos aproxima da copa. Buscam, em uma relação intrinsecamente ambígua, cuidar e ser protegido. A intervenção quer ser leve como a copa das árvores e, em um aceno de respeito, olha para cima e a circunda – um movimento que balança entre o zelo e a reverência. Um percurso ascendente em espiral materializa a proposta, estruturando-se num fino jogo de forças entre balanço e contrapeso. O toque no chão é feito por meio de quatro finos pilares e, assim como proferido por Ailton Krenak, pisar suavemente sobre a terra é o que se busca.

“Transparências”, da artista Mariana Palma


Com forte referência a Vanitas, um estilo de pintura produzido entre os séculos XVI e XVII no qual as composições procuravam provar a transitoriedade da vida, misturando símbolos de efemeridade e morte, as fotografias de Mariana Palma exploram esse espaço de memória presente e póstuma. Ao imprimir fotos em voil, a série “Transparências”, de Mariana Palma, comunica a sensação que a artista cria em suas telas. Nesta instalação apresentada num grupo de árvores em frente à entrada do MON, o espectador é convidado a participar e se ver em meio às cenas produzidas. Para além das justaposições conseguidas através da composição e da distância entre os tecidos, o público torna-se mais um elemento da obra. O caminho criado por e entre os tecidos abre caminhos e convites para acessar novas percepções e visões de uma mesma obra que se mistura com quem a observa e com o espaço.


Mariana Palma cria espaços pictóricos únicos, construídos pela justaposição de elementos de famílias distantes. Nas grandes telas de cores saturadas, azulejos convivem com folhagens, ralos com anêmonas, cortinas de teatro com flores, tecidos estampados, drapeados e desfiados. Nas aquarelas e fotografias, elementos naturais e artificiais geram híbridos improváveis.

O resultado são composições inesperadamente harmônicas e enigmáticas que, ao causar certo estranhamento, convidam o espectador a tomar tempo para observação. A contemplação revela indícios genéticos. O “grandeur”, a dramaticidade, a exuberância emocional, a vitalidade, a construção do movimento e o uso de texturas contrastantes e materiais luxuosos revelam o diálogo com a pintura barroca dos séculos XVI e XVII, evocando reflexões sobre a sensualidade, a efemeridade da beleza, o bombardeio de imagens da atualidade. O uso de cores puras remete aos pintores flamengos, enquanto os sutis efeitos perspectivos sugerem o domínio da lição renascentista (e sua subversão).


A artista parte dos pressupostos da tradição pictórica para abordar suas inquietações. As referências filtram o repertório emocional e geram um trabalho em que o aparente transbordamento de elementos segue, no fundo, uma organização precisa.


Serviço

“MON sem Paredes”

No gramado do MON, a partir de 8 de fevereiro de 2023

Museu Oscar Niemeyer, Curitiba - PR



Informações: Assessoria MON


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