Peça conta com um elenco formado por artistas surdos e tem apresentações gratuitas no Miniauditório do Teatro Guaíra.
O espetáculo teatral “Surdo, Logo Existo” finaliza sua temporada no Miniauditório do Teatro Guaíra, em Curitiba, com apresentações em 24 de fevereiro (sábado às 16h, 18h e 20h) e 25 de fevereiro (domingo às 16h e 18h). Os ingressos são gratuitos e poderão ser adquiridos com reserva antecipada através da Fluindo Libras, produtora do espetáculo, via WhatsApp pelo número (41) 98903-6987. Determinadas sessões vão contar com audiodescrição para atender pessoas com deficiência visual (estas estão marcadas para sábado às 20h e domingo às 18h).
“Surdo, Logo Existo” retornou aos palcos curitibanos após uma estreia de sucesso há quatro anos. Em uma sociedade em que a arte e a cultura são produzidas e consumidas hegemonicamente por ouvintes, a peça reúne um elenco formado por artistas surdos, que expõem suas diferentes realidades cotidianas por meio de Libras (a Língua Brasileira de Sinais), da expressão estética e de experiências visuais. O espetáculo é composto por esquetes que apresentam diversas cenas do cotidiano das pessoas surdas em uma sociedade ouvinte que não conhece sua língua.
O espetáculo é uma produção da Fluindo Libras, produtora cultural surda e estúdio de tradução em Libras, que compõe um coletivo sinalizante. Atua na promoção da arte protagonizada por surdos, assim como na tradução artística em Libras enquanto experiência estética e cultural.
A direção e a dramaturgia são da dupla formada por Gabriela Grigolom (surda, poeta e atriz, que também compõe o elenco da peça) e Jonatas Medeiros (tradutor, roteirista, pesquisador e produtor cultural). “Surdo, Logo Existo” tem apoio da Bait Nazha - Culinária Libanesa, incentivo da Divesa e é viabilizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura - Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.
Cotidiano das comunidades surdas no palco
No espetáculo são mostradas várias situações vividas por uma pessoa surda, como a falta de comunicação com a família, a aquisição tardia da língua de sinais, a imposição arbitrária da prática fonoaudiológica e da oralização na infância, a falta de comunicação e de informação em praticamente todos os espaços públicos e privados, o desrespeito com sua língua e com os profissionais intérpretes, entre outras experiências.
As cenas foram compostas em grupo, resultando em uma história apresentada de forma poética e visual em língua de sinais, sem a “necessidade” de intérprete para ouvintes. Trata-se de uma peça inclusiva, que também contará com determinadas sessões com audiodescrição para atender pessoas com deficiência visual e outras com guia-intérpretes para surdocegos.
Boa parte do elenco esteve presente na primeira montagem da peça em 2019, na Casa 603 (coletivo e espaço de criação de projetos voltados à arte surda e sinalizada de Curitiba). Desde então, o grupo vem realizando diferentes ações artísticas surdas em Curitiba.
Surdo como protagonista em peça que reflete sobre a surdidade
O espetáculo tem direção e dramaturgia da dupla formada por Gabriela Grigolom (surda, poeta e atriz, que também compõe o elenco da peça) e Jonatas Medeiros (tradutor, roteirista, pesquisador e produtor cultural). Para a diretora, o projeto apresenta-se inovador pois se localiza em um campo ainda pouco ou quase nada explorado: a essência do ser surdo manifestada como linguagem e dramaturgia. “Isso enfatiza e viabiliza a disseminação identitária, cultural-linguística do povo surdo na esfera artística, contribuindo para a formação de público surdo no teatro e em outras produções artísticas pelos próprios surdos”, afirma.
Gabriela relata que a obra propõe reflexões sobre o “ser surdo” e a surdidade, sobre as barreiras de comunicação na sociedade e sobre a “dita” acessibilidade, subvertida em uma peça inteiramente sinalizada em Libras e sem tradução para os ouvintes. “É uma experiência de inversão e uma imersão no mundo surdo”, completa.
Jonatas Medeiros enfatiza a importância do espetáculo em colocar o surdo como ponto central.
“Nosso expoente é o protagonismo das pessoas surdas, enquanto compositores da narrativa, retirando a língua de sinais da mera acessibilidade e colocando-a como central na produção de um espetáculo bilíngue bicultural de estética surda e a plasticidade da poesia visual, difundindo assim a cultura surda e a língua de sinais”, argumenta Jonatas.
“Surdo, Logo Existo” é uma produção da Fluindo Libras, produtora cultural surda e estúdio de tradução em Libras, que compõe um coletivo sinalizante. Atua na promoção da arte protagonizada por surdos, assim como na tradução artística em Libras enquanto experiência estética e cultural.
O espetáculo tem apoio da Bait Nazha - Culinária Libanesa, incentivo da Divesa e é viabilizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura - Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.
Serviço:
Espetáculo “Surdo, Logo Existo”
Datas e horários: últimas apresentações em 24/02 (sábado às 16h, 18h e 20h) e 25/02 (domingo às 16h e 18h).
* Sessões com audiodescrição (para deficientes visuais): sábado às 20h e domingo às 18h Local: Miniauditório do Teatro Guaíra (Auditório Glauco Flores de Sá Brito)
Endereço: Rua Amintas de Barros, 70, Centro, Curitiba - PR
Classificação: Livre
Duração: 60 minutos
Entrada grátis com contribuição voluntária ao final da peça. Ingressos gratuitos com reserva pela Fluindo Libras: (41) 989036987 (via WhatsApp).
Retirada de reservas até 30 min antes da peça (obs: ingressos ociosos serão liberados 20 min antes da peça)
Informações: Rodrigo Duarte
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