Longa traz Rodrigo Faro no papel de Silvio Santos, mas além estafante, obra tem atuações que deixam a desejar.
Para quem está pensando que vai ao cinema para "sorrir e cantar", ou que assistirá a um compilado da série "O Rei da TV", de Marcus Baldini, se engana. Muito embora o seriado seja uma obra com inúmeras inconsistências temporais e factuais, pelo menos é bem humorado e consegue arrancar várias gargalhadas do público. Diferente do filme de Marcelo Antunez! Uma obra densa, que parte de um recorte dramático da vida de Silvio Santos e se desenrola em estafantes flashbacks.
Baseado em fatos reais, o filme se propõe a mostrar a vida do homem do baú nos bastidores, distante dos holofotes que o transformaram no "dono dos domingos na televisão brasileira". Nas telonas, Silvio é interpretado por Rodrigo Faro e, pela imagem ainda viva que temos do "Silvio de verdade" - que é tão recente e presente, a comparação se torna inevitável... e frustra! Mas como trata-se de um filme, a liberdade poética cinematográfica permite ao diretor e seu elenco acrescentar nuances na dramatização, que não têm qualquer obrigação de ser o retrato fiel do que realmente aconteceu... porém, incomoda! Até porque, não conseguimos ver o Silvio na interpretação de Faro - que é um excelente ator, mas nesse papel, não convenceu.
Ao longo de quase duas cansativas horas, Silvio relembra sua história de vida e acontecimentos dos bastidores que nunca foram mostrados na vida real. E tudo gira em torno do sequestro que marcou o Brasil, onde o apresentador precisa lutar para proteger sua família e seu legado, enquanto encara de frente um dos momentos mais desafiadores da sua vida.
No entanto, as cenas do "negociador" Silvio Santos, junto de Fernando Silva Pinto, seu sequestrador, parecem não ter fim e, a cada flashback - que é onde aparece de verdade a história que todo mundo queria ver no filme - as atuações deixam a desejar e a produção é recheada de clichês. Os cortes de câmera então, nem se falam! Que cansativo!
O ponto alto do filme - sim, tiveram alguns bons momentos - ficou por conta do retrato da amizade entre Silvio Santos e Manoel de Nóbrega, melhor até do que o recorte que vimos na série da Disney. Um olhar mais sincero e sensível, que passa também pelo início da carreira na comunicação, após a transição do Senor Abravanel jovem camelô, para o homem do Baú. Bem como vários outros momentos ao lado da primeira esposa Cidinha, que foram muito mais emocionantes e delicados em sua abordagem. E traz nesse fio, uma espécie de declaração de perdão póstumo daquele pai famoso, arrependido de ter escondido a primeira família, culminando num resgate de amor com a filha Cínthia, na cena do final do sequestro de 2001.
Mas Lana, vale a pena assistir? Claro que vale, mas não vá aos cinemas pensando em "se divertir", ou ver uma cronologia divertida daquele Silvio Santos que sempre vimos na televisão, tampouco aquela que sugere no cartaz do filme, de um cara alegre jogando aviõezinhos pra plateia. É dramático, cansativo e é impossível ver Silvio na interpretação de Faro. Mas vá ao cinema, tire suas conclusões e comente abaixo!
Trailer:
A partir de 12 de setembro, nos cinemas!
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