top of page

Thiago Almasy estreia como diretor em curta de ficção científica

Toca Cultural

Via Láctea aborda questões raciais por meio da saga de um grupo de alienígenas em meio à pandemia.

Foto: Gabriela Palha/Divulgação

Alienígenas chegam à Bahia com o objetivo de dominar o planeta quando, prestes a dar início à missão, têm seus planos impactados por um fenômeno global: a pandemia de covid-19.


Escrito por Almasy e pelo também ator Genário Neto, o filme "Via Láctea" foi rodado em cinco dias de fevereiro, no Alto do Cabrito, Subúrbio Ferroviário de Salvador, e se propõe a discutir questões sociorraciais. A dupla - famosa por interpretar, respectivamente, Júnior e Meire, na websérie Na Rédea Curta -, dá os primeiros passos à frente de uma produção cinematográfica cuja equipe é totalmente baiana e majoritariamente negra. Segundo os roteiristas, o curta-metragem - pensado, escrito e gravado durante a pandemia - chega para agregar ao audiovisual da Bahia.


Assista:


“É um filme que lida com o fantástico. A ficção científica e a fantasia têm o poder de usar alegorias para refletir a própria condição humana. Têm muitas provocações”, diz Thiago, que faz uma pequena participação frente às câmeras. A começar pelo fato de que os alienígenas, que vêm na condição de colonizadores, passam a enxergar sob a perspectiva de pessoas em posições subjugadas.

“É uma história que aborda o colonizador entrando no corpo do colonizado e experimentando essas subjetividades, as violências atravessadas por aquele corpo”.

Almasy conta ainda que a obra, que tem cerca de 27 minutos, marca sua estreia como diretor e a amizade de oito anos com Genário Neto, um dos protagonistas do curta. "É a nossa entrada definitiva no audiovisual. Em Salvador, a gente tem uma carência grande, que coloca nós, atores, à espera dos trabalhos chegarem. Agora estamos nos capacitando para contar nossas próprias histórias e perspectivas”, afirma, ao lembrar que tanto ele quanto Genário estrearam esse ano nas telonas. Thiago no longa Eu, Empresa (Leon Sampaio e Marcus Curvelo), lançado na Mostra de Cinema de Tiradentes, e Neto na produção Carnaval (Leandro Neri), da Netflix.

Para Genário, atuar em Via Láctea, contudo, foi uma experiência diferente de todas as outras. “Iniciamos de um argumento e fomos desenvolvendo as cenas. Escrever foi um processo rápido, uns quatro dias. Atuar foi complicadíssimo, primeiro porque eu estava fazendo uma coisa que ajudei a construir, depois porque a gente não teve processo de ensaio, preparação, por causa da pandemia. Tentei desapegar um pouco das práticas humanas. Todo o meu movimento interior, de memória e emoção, estava no sentido de que eu precisava pensar em alguma matéria inocente. Porque aquele ser luminoso era bem inocente”, explica o ator.



Com orçamento de R$100 mil, fruto do Prêmio Conceição Senna de Audiovisual, por meio de edital municipal da Fundação Gregório de Mattos, e incentivo da Lei Aldir Blanc, Via Láctea apresenta ao telespectador trilha sonora própria, atmosfera de magia e narrativa que toca também questões sociais, como representatividade - sobretudo ao dar protagonismo aos personagens quase que na mesma medida. “Acho que vai impressionar muita gente. O filme está com uma primazia estética muito bonita e que marca o momento da pandemia, para Salvador e para a Bahia”.

Via Láctea tem produção executiva de Ary Rosa e Fábio Osório Monteiro, que também atua. Esta é a primeira produção, com verba captada, assinada pela ULTIMA Plataforma, selo de produção artística criada por Thiago com o ator Sulivã Bispo, intérprete de Mainha, em Na Rédea Curta.


O curta, garantem os autores, parte da premissa de descolonizar narrativas e dar protagonismo e dignidade à existência de pessoas historicamente invisibilizadas. Márcia Limma, Genário Neto, Fábio Osório Monteiro, Antônio Fábio, Fernanda Silva e a atriz mirim Aya Dantas dão vida a personagens que, reforça Almasy, são complexos o suficiente para agregar valor à Via Láctea, que tem potencial para se desdobrar em coisas maiores.


As informações são de Tailane Muniz

Comments


bottom of page