Estreia na próxima quinta-feira, 17 de outubro, a peça "Mão dupla - O que podem nossas mãos", do Grupo Obragem de Teatro. Dirigido por Olga Nenevê, o trabalho apresenta um olhar reflexivo sobre o desmantelamento da democracia na América Latina e os ataques à liberdade no país. É uma peça manifesto contra a violência, a doutrinação do pensamento e a tudo aquilo que representa a opressão do desenvolvimento humano.
No elenco estão Ana Reimann, Bruno Ducate, Dafne Viola, Diegho Kozievitch, Eduardo Giacomini Matheus Martini e Taciane Vieira. A peça fica em cartaz até 3 de novembro, no Espaço Obragem (Alameda Júlia da Costa, 204 – São Francisco), quintas a sábados às 20h, e domingos às 19h. A entrada é gratuita e a capacidade de público do local é de até 40 pessoas.
Com trilha sonora executada ao vivo pelos atores, a peça apresenta Latina, uma pequena cidade comandada por Iad, o ambicioso líder de uma violenta milícia, que propaga um falso discurso religioso: o Comando Uiraçu. Iad, o Uiraçu Sombrio não suporta a rejeição da prima Aurora, então, inicia uma vingança contra ela e seu marido Elísio, que vai atingir especialmente um dos filhos gêmeos do casal, o Ira. A encenação é uma reação poética à brutalização e à pobreza da política atual latino-americana. É uma reflexão sobre o comportamento humano e um debate social sobre a realidade atual.
Com 17 anos de atuação, o grupo Obragem segue com o compromisso de criar espetáculos de reflexão sobre assuntos urgentes da atualidade. Desde quando foi criado, em 2002, o foco de pesquisa de linguagem investigado pelos artistas são o movimento e a fisicalidade do corpo dos atores, como explica a diretora Olga Nenevê: “Cada vez mais o trabalho físico tem nos mostrado que quanto mais o ator entende seu corpo e a relação dele pelos ambientes por onde passa, mais o corpo ganha expressão e local para experimentar, criar poesia e encontrar lugar para o imaginário e para outras formas de percepção que, de outras maneiras, não seriam possíveis”, conclui.
Em todos os projetos, o Grupo Obragem cria laços com os bairros mais distantes do centro de Curitiba, com o intuito de atingir diferentes pessoas e realidades. Por isso, além das apresentações para o público aberto, a peça Mão Dupla – O que pode nossas mãos será apresentada também para as regionais da cidade. A prática tem um motivo importante: É o desejo de construir uma vivência artística descentralizada, na qual todos os espaços possam ser territórios de diálogo e troca, explica Nenevê.
Para os artistas da Obragem não existe dúvida sobre “ser ou não ser” responsável pela transformação nos modos de pensar, agir e participar da sociedade: Nós sabemos que somos responsáveis para que sonhos povoem as mentes e os corações de todas as pessoas, afirmam.