As tradições do Natal dos Ucranianos preservadas no Paraná
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As tradições do Natal dos Ucranianos preservadas no Paraná

A Toca Cultural entrevistou Andreiv Choma, do Folclore Ucraniano Barvinok, que contou as peculiaridades das comemorações natalinas entre a comunidade ucraniana. Confira!

Em cada lugar do mundo, o Natal é celebrado de uma maneira diferente. E no Paraná, diante de sua riqueza cultural e multiétnica, não é difícil encontrarmos uma grande variedade de rituais em homenagem ao dia do nascimento de Jesus Cristo.


A Toca Cultural conversou com Andreiv Choma, integrante do Folclore Ucraniano Barvinok. Ele relatou que essa comemoração tem muito mais de dois mil anos. Na antiguidade, já havia uma espécie de Natal entre os povos, mas era uma data pagã, onde se rendiam homenagens aos deuses ligados ao sol.

“Com o nascimento de Cristo, passou a ser uma das datas mais importantes. Houve um tempo, em que os ucranianos chegavam a comemorar por um mês inteiro. Com o passar dos anos, a festa foi sendo reduzida, mas não menos valiosa”.

Assim como para outras culturas, os ucranianos também entendem o Natal como uma festa familiar, um importante momento de reflexão e oração. A única diferença são as datas. Lá na Ucrânia, a Igreja Ortodoxa e Greco-católica celebra de 06 para 07 de janeiro. No Brasil, a Greco-católica (maioria aqui no Paraná) de 24 para 25 de dezembro, e a Ortodoxa mantém de 06 para 07 de janeiro.

As canções (koliady) sempre estão presentes, depois da missa ou da ceia.

Atualmente, mais de meio milhão de descendentes de ucranianos vivem no Brasil, sendo que 90% deles moram no Paraná. Para o Natal, Andreiv conta que as preparações começam no fim de novembro com o Pelepivk, que seria quase equivalente ao Advento - para os católicos brasileiros. Um momento parecido com Quaresma, ele explica, um tempo de preparação onde muitos não comem carne ou fazem algum tipo de jejum como preparativo espiritual para o Natal.


Quando chega a noite de 24 de dezembro, o sinal que dá início à celebração aparece no alto do céu, com o brilho da primeira estrela.

“Quando ela aparece, já sabemos que é hora da Ceia e depois seguimos para a Missa. Muitas famílias também costumam seguir de casa em casa levando cânticos natalinos, que chamamos de Koliady. Isso ainda acontece muito no interior, as pessoas visitam os mais próximos, os vizinhos e amigos”.
Diduch - destaque na decoração

E nessa hora o ritual é bem característico. Muitas famílias preparam o local da Ceia forrando a mesa principal (embaixo da toalha), ou algum ponto da sala, com feno, para lembrar a manjedoura onde Jesus nasceu.


Também não pode faltar o Diduch, um feixe de trigo que deve ser posicionado em local de destaque na casa da família.


Antes do jantar, a pessoa mais idosa da casa “convida as desgraças” para tomar parte da Ceia e, como elas não se manifestam, o chefe da casa então deseja que elas não apareçam ao longo do ano.


Nessa hora, algumas famílias servem pão embebido em mel, para representar a fartura e a alegria. Depois é hora de saborear a variedade de pratos típicos.



“Geralmente, são servidos 12 pratos, em homenagem aos 12 apóstolos ou em referência aos 12 meses do ano. Isso varia de acordo com a região ou o costume familiar. Mas algumas iguarias não podem faltar. Como o Kutiá, um preparo de trigo, mel e sementes de papoula. Aqui no Brasil também incrementado com mais açúcar e leite condensado. Esse, pode-se dizer, é o nosso prato mais típico natalino”.
Borstch sempre presente no cardápio das famílias

O doce simboliza a força dos antepassados e é indispensável no ritual. É o primeiro a ser servido. Depois é hora de aproveitar outras delícias, como o Perohê ou Varenyky (pasteizinhos recheados e cozidos), o Borstch (sopa de beterraba), Holubtsi (rolinho de repolho ou couve recheado), Kapusniak (sopa de repolho), Perizhky (pãezinhos laçados ou fritos), e o Medivnyk (bolo de mel).


“Além disso tudo, esta também é uma noite onde não servimos a carne vermelha, só peixes, compotas de frutas e uma grande variedade de pães. No final, não recolhemos a mesa, ela fica posta até o dia seguinte, porque oferecemos espiritualmente às pessoas que estão em outra vida, aos nossos antepassados, para venham celebrar conosco”, diz Andreiv Choma.
Arquivo pessoal - Paulo Márcio Fucci / Barvinok

Diante da necessidade de isolamento imposta pela pandemia, o Natal em 2020 deve ser um pouco diferente. Andreiv conta que talvez nem todas as famílias conseguirão receber parentes de fora e outros amigos da comunidade em suas casas. A ida à Igreja também deve ser reduzida. Mesmo assim, com menos pessoas reunidas, as celebrações devem seguir especiais, em iguais sentimentos de união e gratidão.




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