Companhia traz nova coreografia de Lili de Grammont e discute a vida pós-pandemia.
O Balé Teatro Guaíra retorna ao palco do Guairinha no dia 4 de dezembro com uma coreografia que conversa com o público sobre os desafios vividos durante a pandemia de Covid-19 e a esperança de retorno para o novo normal. O novo trabalho do BTG também brinca com a tecnologia: o cenário é virtual e um celular em cena transmitirá o espetáculo ao vivo, como se o público on-line fosse um bailarino da companhia. Os espectadores também vão se surpreender com a trilha sonora, com elementos do erudito ao funk.
A coreografia VICA foi criada por Lili de Grammont. Com formação pela Juilliard School, em Nova York, e passagem pelo Balé da Cidade de São Paulo, Lili trouxe reflexões sobre o papel da tecnologia. O acrônimo VICA significa volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, características já parte do mundo pós-moderno, mas exacerbadas com a pandemia de Covid-19. O termo surgiu nos Estados Unidos após o fim da Guerra Fria. “Trazemos esses elementos para o trabalho. Estamos em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo. Como viver nesse contexto?”
A saída para os desafios do mundo pós-pandemia são as conexões entre as pessoas, por isso a coreografia explora a relação, o toque entre os bailarinos – algo que havia ficado “suspenso” com a pandemia. Lili conta que usou uma metáfora com a água para explicar aos bailarinos o que desejava transmitir ao público.
“Como ser água em um mundo árido, com areia movediça e cheio de montanhas? Os caminhos vão mudando e precisamos descobrir como contornar os obstáculos e chegar ao mar. A mensagem é dizer que, apesar de tudo, a essência do ser humano é sempre caminhar para a vida, para a cor, para o sorriso. Por mais difícil que o percurso seja, há beleza”, diz a coreógrafa.
No palco do Guairinha, o cenário será virtual, trazendo técnicas de ilusão de ótica. “O virtual é algo que veio para ficar, não há como voltar atrás. O desafio da coreografia é discutir como manter nossa essência nesse contexto”, conta Lili. A trilha sonora que encerra o espetáculo traz trechos de ritmos brasileiros, como samba e funk. A ideia é reproduzir e discutir o que se vive no mundo virtual, como no Instagram, onde vemos diversos estilos e perspectivas. “Os bailarinos são provocados como se estivessem no feed do Instagram: passamos de um conteúdo lírico ao futebol em um clique, por exemplo”, finaliza de Grammont.
Para Monica Rischbieter, diretora-presidente do Teatro Guaíra, a coreografia que marca o retorno do Balé ao Guairinha faz uma reflexão sobre o mundo que queremos após a pandemia. “Vivemos nos últimos dois anos talvez o período mais difícil deste século, longe das pessoas que amamos. Neste mundo tão complexo que vivemos, precisamos debater o que queremos daqui pra frente. A arte tem esse papel e VICA traduz nossas angústias e esperanças sobre o futuro”, diz Monica.
Serviço
Balé Teatro Guaíra | VICA
Salvador de Ferrante – Guairinha
Dias 4, 5, 11 e 12 de dezembro – sábado às 20h30 e domingo às 19h
Classificação etária: 14 anos
Ingressos: R$20 e R$10
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