Roger Waters entrega mega show em Curitiba e prova que Arena da Baixada pode ter boa acústica, mas
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Roger Waters entrega mega show em Curitiba e prova que Arena da Baixada pode ter boa acústica, mas

... com o teto do estádio aberto!

Roger Waters | Foto: Lucas Alvarenga

Trinta mil pessoas acompanharam o show do ex-integrante - e um dos fundadores do Pink Floyd, neste sábado (04), que trouxe no repertório grandes sucessos da carreira da icônica banda de rock progressivo.


No entanto, a preocupação dos fãs em Curitiba era com a acústica do local escolhido para o show, mas que logo terminou assim que todos entraram no estádio e viram o teto aberto. Ufa! É claro, o tempo colaborou para isso! Mas a diferença na acústica foi gritante. Diferente de outras experiências sonoras em mega shows que já assistimos na Ligga Arena, desta vez, a estrutura não só deu conta do recado, como também impressionou. Sem contar a organização, a limpeza do local e a disposição dos setores, com destaque para a grande pista única no gramado (sem divisão de premium e pista normal)... isso foi bem legal!


Enfim, a turnê de despedida de “This is Not a Drill” passou por Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre e, depois da capital paranaense, segue para os últimos shows no Brasil em Belo Horizonte e São Paulo. Ao começar o ESPETÁCULO - *sim, E FOI UM LINDO ESPETÁCULO COM LETRAS MAIÚSCULAS MESMO - a mesma mensagem repetida nos shows anteriores desta turnê, foi apresentada no telão em português:

“Se você é um daqueles que diz ‘Eu amo o Pink Floyd, mas não suporto a política do Roger, você pode muito bem vazar para o bar agora”.

Mas a provocação não causou reações contrárias, como se esperava entre o público curitibano, e arrancou foi um grande mar de aplausos e assobios de apoio. Talvez até quem se incomodou murmurou baixo ou ficou quieto... a gente não notou, pelo menos!

Show intercalou mensagens e canções | Registro: Toca Cultural

Nessa turnê, Roger Waters tem demonstrado de forma ainda mais veemente sua crítica a política externa americana, e agora às ofensivas israelenses contra os palestinos, na Faixa de Gaza. Várias imagens da guerra foram exibidas nas projeções, destacando ataques à diferentes povos, além de jornalistas, crianças, idosos e civis, de um modo geral, todos inocentes, que morreram em diferentes guerras ao longo da história. Intercalaram também mensagens escritas nos telões, com vários recados, em três línguas diferentes, enaltecendo a necessidade de mais atenção à defesa aos direitos humanos.

Mais detalhes...


O show começou pontualmente às 21h, teve uma pausa para um intervalo por volta de 22h05, e, ao retornar seguiu até próximo às 23h30. Roger seguiu o script conforme os demais shows dessa turnê. Entrou no palco vestido de jaleco branco, numa encenação onde uma cadeira de rodas vazia é conduzida por ele, junto de enfermeiros. É a primeira música Comfortably Numb (Confortavelmente Entorpecido), a mesma que encerrou a última turnê “Us+Them”, em 2018 - lembraram os fãs. Roger está em frente ao piano e a cadeira de rodas, e parece escrever um receituário para um paciente que não está mais ali. Imagens impressionantes são projetadas, ao longo de todo show, em quatro telões, que se completam. Chamam atenção aqui também os solos das talentosíssimas cantoras que o acompanham nessa turnê, Shanay Johnson e Amanda Belair.


Assista ao resumão com os melhores momentos no vídeo:


Na sequência, Waters já engata The Happiest Days of Our Lives” com as partes 2 e 3 de “Another Brick in the Wall”, e levanta o público que canta e vibra emocionado. Foi um dos pontos altos do show, afinal, relembrar as faixas icônicas do álbum clássico The Wall, de 1979, arrepia qualquer um. Neste momento, em meio aos fogos de artifício, olhamos pra cima e avistamos um drone (graças ao teto aberto da Arena). Esse cara deve ter registrado imagens épicas, porque a iluminação do estádio naquele momento estava sensacional!


Vale aqui dar um destaque para a banda que acompanha Roger nessa turnê! Que banda massa! Ela é formada por Jon Carin (teclado, guitarra e vocais), Jonathan Wilson e Dave Kilminster (guitarra e vocais), Gus Seyffert (baixo e vocais), Joey Waronker (bateria), Robert Walter (teclado), e Seamus Blake (saxofone), além das já mencionadas Shanay e Amanda. Que time, hein! Aplausos pra eles!

(Registro Toca Cultural)

O set list seguiu com "The Powers That Be", "The Bravery of Being Out of Range", "The Bar", "Have a Cigar", e "Wish You Were Here" - particularmente a minha favorita dos tempos do Pink Floyd.


O primeiro ato encerrou com "Shine On You Crazy Diamond" (com uma homenagem a Syd Barrett, que faleceu em 2006) e "Sheep", quando um grande carneiro inflável sobrevoou pelas cabeças do público. Uma música que remete a uma crítica social a todo povo "maria-vai-com-as-outras", que só obedece fielmente sem questionar, e faz de conta que os problemas do mundo não são de sua conta. A própria letra diz: "O que você ganha fingindo que o perigo não é real? Manso e obediente você segue o líder..."


Grande carneiro flutua sobre as cabeças do público na Arena (Registro Toca Cultural)

Segundo ato e a volta de "Algie pig"

Após a pausa de vinte ou vinte e cinco minutos, o show retorna com "In the Flesh", do álbum The Wall. A letra dessa música traz reflexões contra a homofobia, o racismo e várias formas de preconceito. E nessa música, quem reapareceu? O porco voador gigante... Sim, gente, olha isso!

Escrito nas laterais: "He’s Mad Don’t Listen. You’re up against the wall right now” (“Ele está bravo, não dê ouvidos. Você está contra a parede agora”), o porquinho com olhos vermelhos assustadores, promoveu uma disputa de selfies no estádio. Todo mundo tentando fazer uma foto ao lado do inflável.


Aliás, a história desse porco é bem interessante. A ideia surgiu lá em 1976, em Londres, quando a banda decidiu fotografar um porco inflável - apelidado de Algie, para a capa do disco "Animals". No entanto, por conta de uma ventania inesperada, o porco se soltou e voou mais de 10 mil metros de altitude e até causou transtornos na aviação. Foi recolhido dias depois numa fazenda a quilômetros dali. A movimentação foi tanta que a ideia do inflável passou a integrar os shows do Pink Floyd... até que em 2008, durante um festival na Califórnia, o porco de gás hélio se soltou das amarras e saiu voando novamente. Demorou pra ser encontrado e houve até oferta de recompensa pelos produtores do evento. Enfim, a história do porco ficou... e em Curitiba, pelo menos, ele se comportou direitinho!


Depois em "Run Like Hell", outro sucesso de The Wall, a galera acompanhando as palmas de Waters teve mais um breve momento de êxtase, mas que logo se silenciou com mais imagens de guerra. Dessa vez, dos EUA contra Bagdá em 2007, e a música "Déjà Vu” com o pedido “Stop The Genocide” e mais mensagens pelos direitos humanos.


Em "Is This the Life We Really Want?" e em "Money", destaco aqui o solo de guitarra impecável de Jonathan Wilson, e do sax de Seamus Blake... esses caras tocam demais!


(Toca Cultural)

Vieram ainda "Us and Them", "Any Colour You Like", "Brain Damage", e em "Eclipse", outro ápice do show, uma projeção de luzes coloridas remetia ao famoso prisma da capa do álbum The Dark Side of the Moon (1973).


A música a seguir é "Two Suns in the Sunset", que antecede o fim do show e emociona. É do álbum The Final Cut, de 1983, pouco lembrado pelos fãs, porque foi mal compreendido na época. E essa obra foi surpreendentemente revisitada por Roger Waters durante a pandemia, porque a sua letra começou a fazer sentido... aquele clima fúnebre, narrando o último dia da humanidade antes de sua aniquilação por uma bomba nuclear. Em 2020, durante o período de lockdown, ele regravou essa música com um videoclipe em preto e branco, mostrando ele acompanhado por outros músicos, cada um em sua casa, em isolamento.


Em seguida, há um agradecimento emocionado de Roger, e a breve reprise da performance "The Bar", onde os músicos todos se reúnem em torno dele ao piano, até o encerramento com "Outside the Wall", canção que também encerra o álbum “The Wall”, em que ele se levanta e a banda sai tocando atrás dele como num cortejo. Os telões vão mostrando a chegada deles até os bastidores e há, por fim, o grande aplauso final.


Por: Lana Seganfredo


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